quinta-feira, 10 de junho de 2010

"The pain in Spain", Charlemagne (3.6.2010)


Em Espanha, como em Portugal, os funcionários públicos não podem, basicamente, ser despedidos. O texto dá um exemplo ilustrativo do ridículo a que pode chegar a situação: o governo de Madrid resolveu reduzir a sua frota automóvel, reduzindo em 48 o seu número (eram 125), e trocando as limusinas por modelos mais baratos. Mas, paradoxalmente, não pôde despedir os motoristas. Mas é pior: não os pôde também mandar para outra função (só poderia com o seu consentimento). É que os funcionários públicos não podem ser obrigados a mudar de posto, nem de serviço. Mas há mais problemas. A taxa de absentismo é elevada (18%) mas os funcionários continuam a poder faltar ao trabalho, 3 dias seguidos, sem atestado médico (aqui em Inglaterra são 7 dias, mas as taxas de absentismo são mais baixas: questões de cultura). Depois, se se quiser recrutar um profissional de qualidade excepcional (por exemplo, um cirurgião reputado), não se lhe pode oferecer um salário melhor, pois todos vencem o mesmo. E se o Estado decidir privatizar alguma empresa estatal, fica com um enorme ónus: se os compradores decidirem despedir alguns trabalhadores para fazer emagrecer a empresa, o Estado tem de os contratar de novo, obrigatoriamente.

Portugal padece de muitas destas maleitas, mas não fazia ideia que o mercado laboral em Espanha era ainda mais rígido do que no nosso País. Não admira por isso que a taxa de desemprego por lá já ande nos 20% (entre os jovens, 40%). Lá, como cá, o mercado laboral protege os que estão no sistema, em detrimento dos restantes. É, por isso, um entrave para a economia.